sexta-feira, agosto 24, 2012


“…E Clarisse está trancada no banheiro
E faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete
Deitada no canto, seus tornozelos sangram
E a dor é menor do que parece
Quando ela se corta ela se esquece
Que é impossível ter da vida calma e força
Viver em dor, o que ninguém entende
Tentar ser forte a todo e cada amanhecer…Como se toda essa dor fosse diferente, ou inexistente
Nada existe pra mim, não tente
Você não sabe e não entende
E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito
Clarisse sabe que a loucura está presente
E sente a essência estranha do que é a morte
Mas esse vazio ela conhece muito bem
De quando em quando é um novo tratamento
Mas o mundo continua sempre o mesmo…”

Música: CLARISSE - Legião Urbana.


O que vem ser auto-mutilação?


Vamos falar sobre Cutting, ou Auto Mutilação, como preferir. Mas o que vem ser auto-mutilação? Não deve ser muito difícil de imaginar. Portanto auto-mutilação é o ato de uma pessoa se cortar ou perfurar a pele com objetos cortantes como forma de auto-punição ou como forma de substituir uma dor emocional por uma dor física, mas sem a intenção de se suicidar. Estima-se que nos Estados Unidos pelo menos 17% da população entre 18 e 24 anos já tenham se cortado intencionalmente uma vez na vida. E mais de 70% deles repetiram o ato. Aqui no Brasil não existe uma estatística oficial, mas só no Orkut existem mais de 200 comunidades do tipo com em média 500 participantes, algumas com relatórios macabros. No Brasil o único centro oficial de tratamento existente esta na área psiquiatra do Hospital das Clinicas em SP, onde o número de atendimentos aumenta constantemente. Muitos psicólogos ainda não sabem lidar direito com esta questão que tem afetado cada vez mais pessoas, o que acaba desolando os pacientes tão ansiosos por alguém que os faça parar.

A Origem da Auto Mutilação.
 

A origem do transtorno ainda é confusa para os especialistas. Uns acreditam que ao se cortarem os usuários liberam mais endorfina agindo no cérebro com uma sensação de bem-estar que diminui a ansiedade e a tristeza. Tornando a mutilação um vício. A outra parte dos especialistas acredita que a automutilação é um sintoma de doenças emocionais, como a depressão, ou seja, as pessoas que fazem isso não tem um modo saudável desenvolvido de lidar com emoções fortes, pressões intensas e problemas de relacionamentos abalados. Em alguns casos podem estar relacionadas a distúrbio bipolar, distúrbios alimentares, pensamentos obsessivos ou comportamentos compulsivos. Mas normalmente a automutilação surge da culpa, começa em um impulso. A pessoa muitas vezes nem sabe de onde surgiu essa culpa, mas sente a necessidade de se ferir e se livrar de uma situação abaladora.



A maioria das pessoas que praticam a mutilação não estão interessadas em suicidar-se, estão apenas interessadas em se sentir melhor, sem acabar com tudo. Mas esta pratica pode se tornar um hábito, principalmente quanto mais ele ou ela sente a necessidade de fazer isso. Quando a automutilação se torna um comportamento compulsivo, pode parecer impossível de parar, é algo que acaba controlando a pessoa.
Não adianta para quem esta de fora tentar parar a pessoa, brigando ou se afastando dela. Como em todos os casos de depressão e abalos emocionais, somente a amizade e uma boa conversa pode ajudar, alem é claro de tratamento com antidepressivos.

EXISTE TRATAMENTO?
 

Sim. O tratamento consiste em psicoterapia e medicações que se mostrem eficazes nos casos de automutilação. Não existe uma medicação especifica para o tratamento deste transtorno, contudo, são utilizados medicamentos que aliviem os sintomas depressivos e ansiosos, que podem colaborar para a manutenção do comportamento.
Há também medicações que são usadas para diminuir a impulsividade e que ajudam o paciente a resistir a vontade de se machucar, caso esta apareça. A melhor forma de auxiliar a pessoa que pratica a automutilação é encaminha-la a um especialista, observar o possível aparecimento de novas lesões, e estimula-la a falar sobre seus sentimentos e/ou problemas. Contudo, a própria pessoa deve tentar se ajudar!
É necessário disciplina, apoio e tratamento adequado. Viver um dia de cada vez, dar um pequeno passo a cada dia. Um dia sem se auto mutilar deve ser visto como uma grande vitória! E caso haja uma recaída, paciência!
Realmente é um processo de reabilitação (como no abuso de álcool e drogas). Podem ocorrer verdadeiras "crises de abstinência" e também recaídas, contudo, não significa que perdeu-se a guerra, mas sim, uma batalha.

ONDE POSSO PROCURAR AJUDA?
 

É importante buscar ajuda de profissionais da área de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras.
Seria mais indicado profissional com experiência no tratamento de pacientes com automutilação, pois estes pacientes apresentam algumas peculiaridades.
Caso estes profissionais não estejam disponíveis, já que são raros os profissionais com experiência em automutilação, seria indicado profissional com experiência em transtornos do impulso.
Em São Paulo, o Ambulatório Integrado de Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas (IPq- HCFMUSP), oferece tratamento gratuito e especializado para este e outros transtornos do impulso.
Não esconda suas dores.
  

Mas não é só se cortando que os auto mutilantes se punem ou aliviam os pensamentos, há uma variedade imensa, saiba quais são:

- Esmurrar-se, chicotear-se;
- Enforcar-se por alguns instantes;
- Morder as próprias mãos, lábios, língua, ou braços;
- Apertar ou reabrir feridas (Dermatotilexomania);
- Arrancar os cabelos (Tricotilomania);
- Queimar-se, incluindo com cigarro, produtos químicos (por exemplo, sal e gelo);
- Furar-se com agulhas, arames, pregos, canetas;
- Beliscar-se, incluindo com roupas e clips para papel;
- Ingerir agentes corrosivos, alfinetes;
- Envenenar-se, medicar-se (por exemplo, exagerar na dose de remédios e/ou álcool), sem intenção de suicídio.
Maria vai com as outras.
 

A modinha é outro fator que justifica tal atitude. “Os adolescentes adoram imitar comportamentos alheios, principalmente quando estão aliados a uma tribo”. Por isso é importante observar se o fato está ligado a um distúrbio comportamental ou falta de personalidade, muito comum entre os mais novos.

“Comecei por influência de alguns amigos, mas hoje não consigo mais parar de me cortar, sei que às vezes estou me fazendo mal, mas o desejo é mais forte do que eu”, conta uma praticante do cutting.

Não á Automutilação.


“As vezes um abraço é tudo o que precisamos, e nesse momento estamos todos perdidos. O pranto e a dor, incessantes, um único refúgio. Por esse caminho que as vezes tão confuso se estamos sozinhos, mas não precisamos estar. Só precisamos unir forças; compartilhar forças. Fechar os olhos e deixar-nos ser guiados por outros; por pessoas que nos entendam, que nos compreendam e possam finalmente dar aquele ''UM'' abraço que fará toda a diferença. A diferença talvez, entre a vida e a morte. Um refúgio diferente, palavras diferentes, palavras que não machucam, mas consolam.”

As palavras...
Há uma semana, eu tinha feito uma coisa horrível. Machuquei a mim mesma, mas isso não era o fato. Eu tinha rompido uma veia, estava sozinha em casa, fiz isso sem pensar, estendida no chão do banheiro, toda suja de sangue, vendo ele se derramando a cada segundo que passava. Meus olhos iam fechando, tudo girava e ficava mais escuro. Eu estava fraca, com medo. Sempre tinha pensamentos suicidas, sempre tentava. Mas eu nunca morria, e desta vez eu tive medo de ir, não queria, aconteceu sem querer. Fui pensando em tudo que meus pais, meus amigos me diziam. Alguns davam apoio, outros se assustavam, a família pensava que eu era maluca mais tinha grade parte que me ajudava. E era isso que eu precisava, de ajuda. E não de pessoas para me julgar, falar mal do que eu fazia. Eu tinha meus motivos, que ninguém sabia. Por que eu preferia guardar pra mim. Mas eu tinha! Então deste dia, como todos os outros, sozinha em casa, a vontade bateu. E lá foi, a pequena menininha que vivia sorrindo pro mundo correr atrás de sua gilete, a sua melhor amiga. Lá ela correu pro banheiro, e começou a se machucar, quando ela fez o que não devia, não tinha como voltar atrás, ela se arrependeu. Ainda havia pessoas que gostavam dela, que iriam ficar triste, ela não estava tão sozinha. Mas foi isso que ela pensou quando se machucou. A única coisa que a restava agora era crescer e pedir ajuda pra Deus pra ser forte e se levantar. Ou, ela morreria ali, sem histórias para contar, sem a vida para viver. (+)



Por um conselho de uma amiga, ela disse em voz alta, mesmo não tendo forças ao gritar e entre sua voz interrupções de soluços: “Deus… Desculpe-me, por tudo! De todas as formas eu tentei estar onde estou agora, nada adiantavam, pessoas diziam que não era pra eu ir mesmo, porque o senhor nunca deixava. Mas agora, eu creio nisso, eu creio que o senhor existe. Desculpe por cada “eu não acredito em Deus”, eu creio no senhor sim, não só agora, como pra sempre. Me tira deste lugar, me de forças para me levantar, não me deixe ir, ainda tem pessoas que gostam de mim. Imagine meus pais, como eles irão ficar? Não quero este presente a ele meu Deus, não um presente, mais uma coisa ruim na vida deles. Deixe-me ficar.” Ela orou o pai nosso três vezes, quando ia pra quarta vez, não agüentava manter seus olhos entre abertos, e eles simplesmente se fecharam. Nada se passava mais na cabeça daquela pobre menininha que vivia sorrindo pro mundo, a vida dela já tinha acabado. (+)



Mas pelo incrível que pareça, suas orações deram certo, a menina abriu seus olhos devagar, foi se levantando aos poucos se agarrando pelas paredes. Ela conseguiu! Como? Ela já estava morta, mas… Como dizem: Pra Deus, nada é impossível. E é a pura verdade, hoje a menina sente vontade de se machucar novamente, mas ela não faz. Pelo nojo que ela sente daquela melhor amiga, pelo o que ela prometeu a Deus, em suas outras orações depois do acontecimento, seus amigos que sempre acreditaram nela, e sua família. Principalmente sua mãe. Hoje, ela vive feliz. Livrou-se de uma coisa que perseguia há muito tempo. O dia 01 de dezembro de 2011 marcou na vida dessa menininha que sorri pro mundo, mesmo querendo chorar. (Larissa Mazzini)

 

Eu já fui forte um dia. Mesmo depois de começar a pior coisa da minha vida: o cutting. Sim, eu já consegui parar de me cortar. Por 5 ou 6 meses. Ai tive a maldita recaída. Por 3 meses eu voltei, sem parar. Então agora, estou eu, á quase uma semana sem fazer isso. Por que a surpresa? Achou que eu tinha parado de novo? Não, eu nunca parei. E agora, já estou com vontade de fazer tudo de novo, e jogar esses 6 meses e uma semana por água abaixo. É eu já fui forte. Algum dia, á muito tempo atrás. E se Deus quiser, eu vou voltar a ser. Algum dia. (Nome não divulgado)

Consequências.
 

Por medo de ser exposto e recriminado, o automutilador vive em um constante estado de vergonha e tem verdadeiro pavor de que a família e os amigos o toquem e descubram. Apresenta dificuldade em explicar cicatrizes repetidas e, por isso, mesmo em dias muito quentes, passa a vestir-se apenas com roupas de mangas longas e deixa de frequentar praias ou piscinas.
Logo que realmente se dá conta das feias cicatrizes que traz na própria pele, passa a olhar para as pessoas em busca de marcas em seus corpos, e, não encontrando-as, sente-se ainda mais solitário e introspectivo e já não consegue reconhecer-se a si mesmo (crise de identidade).

Projeto Borboleta.
 

Você não é fraca quando não se abre com alguém. Você é fraca quando não procura ajuda e continua cometendo esse erro. Automutilação é uma coisa muito séria e com consequências terríveis. Este projeto anda rondando pelo tumblr e já ficou bem famoso no orkut. Lembrando, estamos aqui para ajudar umas as outras e não pra criticar, somos uma família, não se esqueçam.

Projeto Borboleta - Regras.

 

Um problema sério e cada vez mais comum.

 
créditos tgds. 

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Daniele Garfen

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